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Lei em Campo

Corrupção no esporte tem que virar crime. E pode!

Andrei Kampff

07/05/2019 12h30

Tem algo em jogo no esporte que é inegociável: gestão responsável.

Na esteira, podemos avançar e falar de transparência e ética.

Aliás, falar é fácil.

Tem muita gente falando por aí, mas quem de fato age respeitando o próprio discurso?

Poucos.

Sport e Internacional deram exemplos que minimizaram nossa desesperança; dois clubes que sofreram recentemente com gestões irresponsáveis e possivelmente criminosas.

O time gaúcho não só investigou, julgou e puniu internamente os antigos dirigentes, como também encaminhou tudo que levantou para o Ministério Público. O time pernambucano também fez uma auditoria e promete punir internamente antigos diretores, levando também o caso para autoridades competentes. 

A tarefa de quem batalha por moralidade na gestão esportiva pode ser facilitada por um projeto de lei que tramita no Senado.

Esse projeto é revolucionário: tipifica o crime de corrupção privada.

Ou seja, roubou de um clube ou de uma entidade esportiva, vai responder criminalmente.

Entenda um pouco mais com Nilo Patussi, advogado especializado em gestão esportiva e colunista do Lei em Campo.


 

O futebol está clamando por justiça

Os gestores do esporte estão começando a perceber que a baixa qualidade do futebol brasileiro ( que gera pouca renda nos jogos e alto índice de insatisfação dos torcedores) também está ligada à corrupção e falta de controle, pois propiciam administrações criminosas aos clubes.

Muitos já levantaram a bandeira por essa mudança, mas, agora, um passo grande foi dado. Os clubes esportivos do São Paulo, Corinthians, Santos e Palmeiras se uniram em prol do futebol brasileiro e manifestaram apoio a Sérgio Moro, ministro da Justiça, para promover operações no mundo da bola.

A falta de previsão legal para corrupção privada no Brasil possibilita que atos criminosos em clubes estejam imunes à punibilidade em nosso país. Podemos observar que, nas grandes investigações que levaram executivos do futebol à prisão, multas milionárias e banimento do esporte ao redor do mundo não atingiram ninguém por aqui.

O projeto de lei que tramita no Congresso já traz essa previsão legal, possibilitando, com isso, além de multas, a condenação à reclusão de um a quatro anos por corrupção privada no esporte (art. 215 do Projeto de Lei do Senado nº 68).

Esperamos que o projeto de lei acabe com todo aquele cartola corrupto que usa o esporte para fazer política e enriquecer de forma desonesta. Precisamos de espaço para bons profissionais e gestores preocupados com o futuro das instituições esportivas e com a paixão dos brasileiros.

Sobre o autor

Andrei Kampff é jornalista formado pela PUC-RS e advogado pela UFRGS-RS. Pós-graduando em Direito Esportivo e conselheiro do Instituto Iberoamericano de Direito Desportivo e criador do portal Lei em Campo. Trabalha com esporte há 25 anos, tendo participado dos principais eventos esportivos do mundo e viajado por 32 países atrás de histórias espetaculares. É autor do livro “#Prass38”.

Sobre o blog

Não existe esporte sem regras. Entendê-las é fundamental para quem vive da prática esportiva, como também para quem comenta ou se encanta com ela. De uma maneira leve, sem perder o conteúdo indispensável, Andrei Kampff irá trazer neste espaço a palavra de especialistas sobre temas relevantes em que direito e esporte tabelam juntos.