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Lei em Campo

Distância da barreira. A regra mudou e isso precisa ser entendido

Andrei Kampff

03/06/2019 11h27

Faz parte. Todo mundo adora discutir futebol, mas esquece que conhecer as regras do jogo ajudaria nessa discussão. O árbitro não pode esquecer disso.

No jogo São Paulo x Cruzeiro, o gol de falta do time mineiro poderia ser anulado? Como assim? Pelo que diz a regra do jogo, poderia.

Mas a barreira do São Paulo se movimentou, e a questão mudou de figura. Literalmente. É matemático.

Recentemente a International Board, que cuida das regras do jogo, proibiu aquele empurra-empurra de barreira. Distância mínima agora é de 1 metro dos jogadores adversários para a barreira.

A regra mudou, e é importante saber disso. E mais, o VAR poderia/deveria ter atuado nesse lance, afinal, é lance de gol? Isso dá mais uma boa discussão.

Para entender melhor, veja o que escreveu Renata Ruel, comentarista dos canais ESPN e colunista do Lei em Campo.


 

São Paulo e Cruzeiro jogaram no Pacaembu neste domingo. O resultado final foi 1 x 1, com lances de regras discutíveis para serem analisados, mas com ênfase em um que dá margem a discussão em relação a recente alteração da regra sobre a barreira.

Olhando essa imagem no momento em que o jogador cruzeirense vai bater a falta que dá origem ao gol, observa-se que a barreira da equipe do São Paulo tem no mínimo três jogadores e que há jogadores da Raposa muito próximos, dando a impressão de que não estão posicionados a menos de um metro de distância.

Qual o problema de os jogadores da equipe que vai cobrar a falta estarem a menos de um metro de distância da barreira, já que sempre foi assim, com empurra daqui e de lá?

Exatamente por sempre ter esse empurra, que cria problemas disciplinares e desperdício de tempo, a International Board aprovou alteração na regra: quando uma barreira for formada por três jogadores ou mais, os adversários deverão ficar no mínimo um metro distante desta.

A regra ainda cita qual o procedimento a ser realizado pela arbitragem caso um adversário invada a distância mínima de um metro da barreira, formada por três jogadores ou mais, quando o tiro livre for executado: um tiro livre indireto será concedido contra a equipe atacante.

Ou seja, no gol do Cruzeiro, analisando a imagem, os atacantes parecem estar a menos de um metro da barreira; dessa forma, uma infração é cometida. O gol não deveria ser validado, e um tiro livre indireto a favor da equipe do São Paulo deveria ter sido assinalado.

Pode ser que alguma imagem mostre ao contrário, porém, até o momento, em todas as analisadas, a sensação é a mesma de proximidade.

É importante ressaltar que as mudanças que ocorreram nas regras ainda são recentes. Isso faz com que algum árbitro possa esquecer uma ou outra até realmente se adaptar a todas elas. O trabalho em equipe ajuda muito nesses momentos. Quando um esquece algo, tem outro para lembrar, e a regra pode ser aplicada corretamente.

Outro ponto relevante é dizer que o VAR poderia ter atuado no lance, pois um gol foi assinalado – e o árbitro de vídeo pode rever lance que resulta em gol. Como o VAR tem várias câmeras e ângulos distintos, pode ter alguma imagem que mostre a distância sendo respeitada, dessa forma validando o gol. 

Mas se a imagem existe, não seria ideal ser disponibilizada para conhecimento de todos? Ter acesso a todas as imagens do VAR ajudaria a ter ângulos diferentes para uma boa análise e melhor entendimento da decisão tomada pela equipe.

O VAR vendo, e o público também.

Sobre o autor

Andrei Kampff é jornalista formado pela PUC-RS e advogado pela UFRGS-RS. Pós-graduando em Direito Esportivo e conselheiro do Instituto Iberoamericano de Direito Desportivo e criador do portal Lei em Campo. Trabalha com esporte há 25 anos, tendo participado dos principais eventos esportivos do mundo e viajado por 32 países atrás de histórias espetaculares. É autor do livro “#Prass38”.

Sobre o blog

Não existe esporte sem regras. Entendê-las é fundamental para quem vive da prática esportiva, como também para quem comenta ou se encanta com ela. De uma maneira leve, sem perder o conteúdo indispensável, Andrei Kampff irá trazer neste espaço a palavra de especialistas sobre temas relevantes em que direito e esporte tabelam juntos.