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Lei em Campo

Neymar pode escolher caminho; mas escolhas mostram falta de orientação

Andrei Kampff

16/07/2019 17h00

Não se discute a capacidade que Neymar tem com os pés. Agora, a forma como conduz a carreira é, sim, discutível.

Neymar poderia ser muito mais do que é. Principalmente mais ídolo, mais referência. Ele pode não querer ser, e é um direito legítimo de todos – dele também – encaminhar a vida do jeito que se entende como melhor.

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Agora, que a conduta dele como profissional não é referência, não é.

Ele tem contrato com um clube e não se apresenta no dia para forçar uma saída. Ele dá uma entrevista em que diz que o momento mais "maluco" de vestiário que viveu foi depois de uma vitória em cima do… Paris Saint-Germain, o time dos jogadores que ainda são colegas dele de clube.

Isso sem entrar em outras questões ainda mais polêmicas.

Repito, Neymar é craque, pode escolher caminhos, mas vai sempre ser julgado pelas suas escolhas. É o ônus, de uma profissão que lhe rende muitos bônus.

Me parece que Neymar precisa de assessoria adequada. Que seja profissional, não pessoal. De alguém que tenha o compromisso profissional de orientar, não de aplaudir permanentemente.

A ideia que passa é que ele virou refém de escolhas equivocadas, e feitas pelos outros.

Mas a escolha é dele. Sempre vai ser. É ele também quem deixa de ganhar (mais) com o caminho que toma.

Vale ler o que escreve sobre gerenciamento de carreira Nilo Patussi, advogado especializado em gestão esportiva e colunista do Lei em Campo.

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Foto: Andre Borges/AGIF

Gerenciamento de carreira é orientar, não mimar

Na última semana, a infração do atacante brasileiro Neymar Jr. ao não se reapresentar ao clube que defende, o PSG, levou muita gente a questionar as razões da atitude do craque. Será que ele fez isso porque está insatisfeito com o clube francês ou porque não queria se recuperar na França da lesão sofrida nos treinos para a Copa América? Fato é que nem os torcedores nem o PSG entenderam o real motivo.

Já abordamos aqui que existem possibilidades legais para que os clubes possam se defender de algum desvio ético ou moral que, eventualmente, um atleta possa praticar. Exemplo disso são os códigos de condutas ou códigos de ética profissional.

A conduta ética, sendo simplista, resume-se a determinado comportamento de um grupo. Grandes empresas e, hoje em dia, clubes de futebol estão elaborando códigos de conduta para que os bons exemplos sejam valorizados e os maus exemplos sejam punidos.

Como já abordamos antes, o PSG está valorizando o comportamento dos profissionais de seu elenco. A inovação precisa de engajamento e periodicidade para que ocorra. A multa só será aplicada em casos de falta, bem como a bonificação, quando as atitudes são amistosas e integrativas. Não dá para negar que algumas gratificações são até um pouco questionáveis.

Após a negativa do atacante brasileiro de voltar na data marcada, a apresentação tardia de uma semana fez com que o clube de Paris prometesse punição ao atacante. Provavelmente, como ocorreu com Mbappé (multa por atraso em treinos e coletivas de imprensa foi cerca de R$ 775 mil –180 mil euros), os valores não serão ínfimos.

Mas o que está acontecendo com o principal nome do futebol brasileiro e um dos mais importantes jogadores do mundo? Como um atleta que foi contratado para jogar em um clube que desembolsou mais de R$ 1 bilhão (222 milhões de euros) em 2017 não cumpre regras simples de reapresentação? O que o camisa 10 da nossa seleção está fazendo com a carreira?

Gerenciamento de carreira ou gestão de carreira profissional, é um planejamento de trajetória que visa orientar financeira, comportamental e emocionalmente, seja dentro, seja fora de campo, o atleta para o sucesso de sua carreira.

É indiscutível que o esportista e profissional Neymar Jr. é um homem de sucesso, dentro e fora de campo. Seus títulos, recordes e belas atuações deixam bem claro que ele é, sim, um dos melhores do mundo, e, fora de campo, suas campanhas, propagandas, marcas e eventos o tornaram o terceiro atleta mais bem pagos do planeta, segundo a revista Forbes.

O futuro do craque ainda é incerto, pois o PSG já deixou claro que quem quiser levar o atacante do time francês precisará desembolsar 220 milhões de euros; caso contrário, Neymar Jr. continuará em Paris.

Sobre o autor

Andrei Kampff é jornalista formado pela PUC-RS e advogado pela UFRGS-RS. Pós-graduando em Direito Esportivo e conselheiro do Instituto Iberoamericano de Direito Desportivo e criador do portal Lei em Campo. Trabalha com esporte há 25 anos, tendo participado dos principais eventos esportivos do mundo e viajado por 32 países atrás de histórias espetaculares. É autor do livro “#Prass38”.

Sobre o blog

Não existe esporte sem regras. Entendê-las é fundamental para quem vive da prática esportiva, como também para quem comenta ou se encanta com ela. De uma maneira leve, sem perder o conteúdo indispensável, Andrei Kampff irá trazer neste espaço a palavra de especialistas sobre temas relevantes em que direito e esporte tabelam juntos.