Por que o rugby brasileiro tem algo a ensinar ao nosso futebol
Você pode até não conhecer o rugby brasileiro. Ele pode até não ser protagonista no mundo. Mas seria importante dar uma olhada no que ele tem feito nos últimos anos.
Hoje são 18 mil atletas federados em 300 clubes e cerca de 60 mil praticantes, sem contar com os 30 milhões de brasileiros interessados em consumir esse esporte. Um crescimento que chamou a atenção nos últimos anos. E tem explicação: gestão.
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Uma gestão que pode servir de modelo para outros esportes, como o futebol. É o que escreve Nilo Patussi, advogado especializado em gestão esportiva e colunista do Lei em Campo.
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Brasil x Mundo no Rugby
A seleção brasileira de Rugby recebe, em Sao Paulo, os Barbarians, a seleção dos melhores jogadores de rugby do mundo. Depois de trazer os poderosos All Blacks para o Morumbi, com um público de 34 mil torcedores, sendo 25 mil pagantes, a seleção brasileira enfrentará mais esse duro adversário no próximo dia 20 de novembro, no mesmo estádio.
Hoje, no Brasil, os números da modalidade não param de surpreender. O rugby conta com aproximadamente 18 mil jogadores federados em 300 clubes e cerca de 60 mil praticantes, sem contar com os 30 milhões de brasileiros interessados em consumir esse esporte.
Mesmo fora do mundial de rugby que está acontecendo agora no Japão, a seleção brasileira já mira estar nos Top 20 do mundo em breve. Já na modalidade feminina o Brasil já é Top 10 do mundo, sem contar a boa posição nos jogos pan-americanos deste ano – 4º lugar nos masculino e no feminino.
A visibilidade também tem crescido bastante, com jogos sendo transmitidos em todas as principais emissoras esportivas no país. Além de transmissões exclusivas pelo streaming, a modalidade já atingiu audiências equivalentes à da NBB, campeonato brasileiro de basquete.
Com suporte de seus 13 patrocinadores (mais inclusive que a Confederação Brasileira de Futebol), sendo alguns garantidos até 2020, a Confederação Brasileira de Rugby (CBRu) está mostrando ao esporte brasileiro que a instituição tem algo diferenciado, que tem atraído parceiros e investidores por meio de um trabalho eficiente. A gestão ganhou uma marca: administração transparente.
Isso atrai dinheiro e desenvolve o esporte.
A boa administração da CBRu vem atraindo muitos interessados em divulgar suas marcas na modalidade. Os esforços de prestar contas apresentados pela gestão, além de manter seus compromissos financeiros e de impulsionar o crescimento do esporte, são fundamentais para isso.
O trabalho rende prêmios. Em 2015 e 2016, recebeu, da Sou do Esporte (ONG), prêmio pelo trabalho diferenciado de governança e transparência.
Desde 2010 as gestões, com duração de quatro anos, têm trabalhado com algo que, infelizmente, ainda é raro no Brasil: a preocupação com a gestão, com apresentar mecanismos de transparência, trabalhar ações de marketing, zelar pela reputação da instituição.
A evolução na gestão ética também está acontecendo no futebol, mas em passos miúdos. As discussões e os debates sobre a necessidade de mudança de comportamento da velha política para uma gestão mais moderna, ética e transparente ainda precisam ser amplificados.
Acompanhamos, nas rodas de conversa com especialistas e comentaristas, na televisão, rádio e redes sociais, que um assunto que se tornou recorrente é a cobrança por uma administração mais eficaz, políticas internas mais eficientes e transparência na gestão do "negócio esporte". A verdade é que o jogo que acontece fora das quatro linhas continua chamando mais a atenção do que deveria.
Seguindo o exemplo do rugby brasileiro, a mudança precisa ocorrer. Programas de conformidade podem transformar um clube, uma instituição e, principalmente, transformam o esporte.
Que venham os Barbarians.
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