Cabe interpretação no pênalti reclamado pelo Atlético contra o Palmeiras?
Tem algo indispensável, que vale para o jogo e vale para a vida: coerência.
Não podemos ter opiniões distintas para casos iguais. Agindo assim, estamos abraçando um lado, não uma causa. E isso tem sido um problema na arbitragem brasileira. É só lembrar do VAR.
A última polêmica foi o empurrão dentro da área de Felipe Melo, do Palmeiras, em Igor Rabello, do Atletico-MG. O árbitro de campo olhou a bola e não viu o lance, mas e o árbitro de vídeo? Ele nem sequer acionou a arbitragem de campo.
A regra fala em "erro claro e óbvio". Mas, mesmo assim, não existe uniformidade nas revisões. E é isso que amplifica as críticas contra o VAR.
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Sim, a regra 5 do futebol é clara: ela permite interpretações. O que não pode ser permitido é que essa regra seja usada de escudo por árbitros para deixarem as regras do futebol imprevisíveis, e completamente aleatórias.
Entenda mais no texto de Renata Ruel, árbitra assistente e colunista do Lei em Campo.
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O Atlético-MG reclamou de um pênalti não marcado a seu favor durante confronto com o Palmeiras, pela 23ª rodada do Brasileirão.
Felipe Melo está com as duas mãos nas costas de Igor Rabello, cometendo uma ação de empurrar o jogador do Galo, que cai na área e não disputa a bola. O árbitro está olhando para a bola, ao invés de olhar para a área, e dessa forma não vê a ação do defensor palmeirense em cima do jogador atleticano.
A série A conta com o auxílio do árbitro de vídeo, que provavelmente deve ter se comunicado com o árbitro, já que todo lance de possível infração dentro da área deve ser checado pelo VAR. Porém, não deve ter sugerido revisão, pois o árbitro não foi até o monitor analisar o lance que não viu em campo.
O protocolo do VAR fala em interferência quando há um "erro claro e óbvio", algo que ainda é bastante questionado em seu uso no Brasil, onde se observa, algumas vezes, falta de uniformidade para a revisão. Ou seja, em um jogo o VAR sugere revisão, e em outro, não, porém, em lances parecidos.
No texto da lei do jogo, é possível observar a ação de empurrar como uma ação passível de infração, porém, ela consta entre as ações que fica a cargo do árbitro considerar se foi uma questão de imprudência, temeridade, uso de força excessiva ou lance normal de jogo.
"Será concedido um tiro livre direto a favor da equipe adversária do jogador que praticar uma das seguintes ações considerada pelo árbitro como imprudente, temerária ou com uso de força excessiva:
- fazer carga em um adversário;
- empurrar um adversário;"
Ou seja, em um lance de empurrar, cabe interpretação do árbitro sobre se a ação foi normal, imprudente, temerária ou com uso de força excessiva – e pode dividir opiniões.
Porém, é necessário chegar o mais próximo possível de uma uniformidade de critérios, pois o próprio Felipe Melo teve uma falta marcada a favor de sua equipe, na semifinal da Copa do Brasil, ao cair na área após seu adversário empurrá-lo e marcar um gol. Nesse lance o VAR sugeriu revisão, e o árbitro acabou anulando o gol e dando falta no defensor do Palmeiras.
Intensidades distintas no empurrão? Acredito que sim, e que a intensidade foi maior na ação que o Felipe Melo cometeu do que na que sofreu, mas em uma foi assinalada a falta, e na outra, não. E como foi marcada a falta a favor do Palmeiras, contra o Inter, vejo que deveria ter sido marcada a penalidade a favor do Atlético-MG em cima do Igor Rabello.
Os empurrões sempre foram comuns no campo durante os jogos, principalmente dentro da área, porém, nem sempre vistos pela arbitragem e o público geral. Agora, com o auxílio da tecnologia, com o uso do VAR, se observa mais facilmente esse tipo de ação. Sendo assim, por mais que a regra permita interpretação e dessa forma as divergências de visões ocorram, as diretrizes para uniformização são fundamentais para que os critérios se aproximem cada vez mais e as polêmicas em torno desses lances sejam minimizadas.
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