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Lei em Campo

Ceará decide não fazer Boletim de Ocorrência por suposto racismo na Vila

Andrei Kampff

18/10/2019 14h39

O Ceará decidiu que não fará Boletim de Ocorrência por causa das supostas ofensas racistas que o meia Fabinho teria sido alvo na partida desta quinta-feira, 17, contra o Santos, na Vila Belmiro. Qualquer mudança em como o clube vai agir em relação ao caso serão analisadas e definidas pelo departamento jurídico do clube cearense.

"Acho que eles vêm ver o espetáculo, que foi bonito, parabéns pela vitória do Santos. Mas querem menosprezar o Fabinho, a mim, fazer racismo chamando de negão, vagabundo… Futebol perde sua essência. Brasileiro tem que se controlar mais. Não pode ter isso, o cara ficar, ao meu ver, embriagado, xingar a gente… Tinha que estudar um pouco mais, conhecer a geografia no Brasil, falar que o Ceará joga no Norte, ou eu que não entendo muito, estudei de sacanagem", desabafou Galhardo, um dos destaques do Ceará no Brasileirão, em entrevista ao Esporte Interativo.

O caso acontece menos de uma semana depois de o técnico Roger Machado, do Bahia, ter feito um discurso sobre o racismo no país.

VEJA TAMBÉM:

Desde julho deste ano passou a vigorar o novo Código Disciplinar da Fifa. O documento prevê um combate mais duro ao racismo, à homofobia e à xenofobia. O Código estabelece o procedimento dos três passos que têm de ser adotados pelos árbitros: assim que identificarem cantos racistas, xenófobos ou homofóbicos de torcedores, o árbitro tem de parar o jogo e avisar pelos alto-falantes e telão que se parem as ofensas, suspender a partida por 30 minutos e seguir pedindo para que cessem os xingamentos e, por último, a suspensão definitiva do confronto.

O Santos afirmou que está apurando os fatos e classificou a atitude como "repugnante".

Confira a nota oficial do Ceará.

O Ceará Sporting Club repudia os atos racistas e xenofóbicos, e se solidariza com os jogadores alvinegros.

Sabemos que as atitudes de pessoas como essas não refletem o pensamento da massa santista.

Que estes atos sejam extintos do futebol. Estamos tomando as devidas providências.

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Sobre o autor

Andrei Kampff é jornalista formado pela PUC-RS e advogado pela UFRGS-RS. Pós-graduando em Direito Esportivo e conselheiro do Instituto Iberoamericano de Direito Desportivo e criador do portal Lei em Campo. Trabalha com esporte há 25 anos, tendo participado dos principais eventos esportivos do mundo e viajado por 32 países atrás de histórias espetaculares. É autor do livro “#Prass38”.

Sobre o blog

Não existe esporte sem regras. Entendê-las é fundamental para quem vive da prática esportiva, como também para quem comenta ou se encanta com ela. De uma maneira leve, sem perder o conteúdo indispensável, Andrei Kampff irá trazer neste espaço a palavra de especialistas sobre temas relevantes em que direito e esporte tabelam juntos.