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Lei em Campo

Muitos jogadores vão tomar o rumo da Inglaterra. Caminho exige cuidados

Andrei Kampff

20/06/2019 05h20

A "janela"abriu.

A gente tem falado por aqui de todos os cuidados que esse negócio bilionário exige. Mais de R$ 6 bilhões já foram investidos em talento de atletas para esse período,  mas o valor deve ser muito maior. Ano passado, foram cerca de R$ 25 bilhões movimentados em transferências de um país para outro.

O mercado inglês já está recebendo novos jogadores. Mais gente ainda deve ir para o mais cobiçado e rico mercado do futebol do planeta. Muitos brasileiros (ou que atuam no Brasil) devem tomar esse caminho.

Nessa hora, o visto específico é indispensável – para quem não faz parte da comunidade europeia. Daí porque ter passaporte europeu nessa hora ajuda demais em uma transferência, pelo menos até o Brexit se acertar.

O Luiz Costa, advogado em Londres e colunista do Lei em Campo, escreveu sobre os detalhes que acabam sendo decisivos na hora de fechar ou não uma transferência com a Inglaterra.


 

Visto para jogar na Premier League

Com o sonho de jogar na maior e mais rentável liga do planeta, a Premier League, jogadores estrangeiros precisam não só impressionar os clubes ingleses, mas também, as autoridades imigratórias britânicas.

Dentro da cota de 17 estrangeiros permitidos a jogar por cada clube da Premier League, podemos separá-los em dois grupos: os europeus (nacionais de países pertencentes à União Européia) e os nacionais dos demais países não pertencentes à União Européia.

Para os europeus, a questão imigratória é bem simples: eles não precisam de visto para jogar na Premier League. Isto porque eles podem livremente viver e jogar no Reino Unido.

Já o outro grupo, o dos estrangeiros não-europeus (como é o caso dos brasileiros), a situação é bem mais difícil. Precisam obter um visto específico para atleta, o chamado Sportsperson Visa (Tier 2).

Para a obtenção desse visto, deve-se obedecer um sistema de pontos (ou critérios) que leva em consideração o valor da transferência, o salário, o número de atuações para a seleção do país de origem do jogador e a posição daquele país no ranking da FIFA. Porém, um dos pontos mais importantes a ser observado é a classificação do jogador como atleta de "elite", ou seja, aquele que é reconhecido pela Football Association (FA) como alguém que jogue no mais alto nível internacional. Um endosso da FA. Via de regra, esse visto só é concedido para os jogadores de seleção dos seus países de origem.

Outros critérios do sistema de pontos para a obtenção desse visto são:

· Oferta de um clube da Premier League;

· Conhecimento comprovado da língua inglesa (certificado básico de escola aprovada pelo governo britânico);

· Ter £945 (novecentas e quarenta e cinco libras esterlinas) em conta bancária por um período mínimo de 90 dias antes do pedido de visto; e

· Demonstrar o histórico de viagens internacionais pelos últimos 5 anos.

Porém, vale sempre lembrar da importância de obter aconselhamento jurídico de profissional especializado em imigração britânica antes de iniciar o pedido de visto. E, no geral, aconselhamento de advogado especializado em direito do esporte para um planejamento estratégico adequado para cada jogador.

Sobre o autor

Andrei Kampff é jornalista formado pela PUC-RS e advogado pela UFRGS-RS. Pós-graduando em Direito Esportivo e conselheiro do Instituto Iberoamericano de Direito Desportivo e criador do portal Lei em Campo. Trabalha com esporte há 25 anos, tendo participado dos principais eventos esportivos do mundo e viajado por 32 países atrás de histórias espetaculares. É autor do livro “#Prass38”.

Sobre o blog

Não existe esporte sem regras. Entendê-las é fundamental para quem vive da prática esportiva, como também para quem comenta ou se encanta com ela. De uma maneira leve, sem perder o conteúdo indispensável, Andrei Kampff irá trazer neste espaço a palavra de especialistas sobre temas relevantes em que direito e esporte tabelam juntos.