Preconceito precisa ser sempre combatido. Contra as árbitras também
O futebol é uma fatia da sociedade. E como ela, apresenta encantos e absurdos.
O preconceito existe e precisa ser condenado. E ele se manifesta de várias maneiras, por raça, orientação sexual, gênero. Um caso que chamou a atenção nesta semana teve como alvo as mulheres no futebol.
As mulheres estão cada vez mais ocupando espaço no jogo. Pelo interesse que demonstram, pela esforço e pela preparação. Seja nas arquibancadas como torcedoras, seja como jornalista, nas comissões técnicas, nas áreas jurídicas do esporte ou na arbitragem.
E, por incrível que pareça, isso ainda incomoda.
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Mas o esporte não pode tolerar esse tipo de comportamento. Historicamente, ele é agente de transformações sociais, ajudando na luta contra o racismo, contra a discriminação aos mais pobres, até na abertura democrática no Brasil durante os anos da ditadura.
Entenda sobre o caso de um radialista que ofendeu árbitras e mulheres no futebol com a especialista Renata Ruel, comentarista dos canais ESPN e colunista do Lei em Campo.
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Arbitragem feminina e mulheres sofrem discriminação em programa de rádio
Quem acha que a discriminação no futebol acabou está enganado. Infelizmente ela ainda existe, e está bem explícita, inclusive em programas esportivos, como se pode observar nas declarações do senhor Daniel Campelo na rádio Jovem Pan Ceará, no último domingo (13), quando questionado sobre o que acha de as mulheres estarem tomando conta da arbitragem: "Não acho uma boa, não. Acho que mulher tem que tomar conta da casa, e do marido e dos filhos".
Com a repercussão negativa de sua fala, Campelo teve a oportunidade de se desculpar na mesma rádio nesta segunda (14), porém, ratificou seu comentário anterior e ainda acrescentou algumas falas a mais, como "Esse negócio de mulher metida com macho dentro de estádio…", e suas palavras não pararam por aí.
Campelo demonstrou com palavras um pouco do que o treinador do Bahia, Roger Machado, disse durante entrevista coletiva após jogo no sábado (12) contra o Fluminense: "Para mim, nós vivemos um preconceito estrutural, institucionalizado. O preconceito que sofri não foi de injúria racial. O que sofro é quando vou a um restaurante e só tem eu de negro. Fiz uma faculdade onde era só eu era negro. As pessoas podem falar que não há racismo porque estou aqui, e eu nego: há racismo porque só eu estou aqui". E não parou por aí: "Esses casos que vêm aumentado agora, de feminicídio, homofobia e preconceito racial, mostram que a estrutura social é racista. Ela sempre foi racista".
Ou seja, o preconceito não acabou; ao contrário, está mais vivo do que nunca no Brasil e presente no futebol. Ainda há discriminação com mulheres, com negros, há homofobia. Não, não podemos generalizar. Existe, sim, quem lute para que todos tenham o seu espaço, para no âmbito profissional se analisar a competência, a qualificação, e não o gênero, a idade, cor de olhos, entre outros.
Já escutei muitas coisas neste tempo em que trabalho com futebol. Por exemplo: "Eu não me casaria com uma mulher que trabalha com futebol"; "Não estou feliz em saber que você tem mais sucesso profissional do que eu que sou homem"; "Torço para mulheres serem reprovadas no teste físico". Sim, vi colegas sendo chamados de "macaco", mulheres de coisas que não me sinto confortável em reproduzir, e muito mais.
Uma mudança cultural se faz necessária. O respeito ao próximo deve prevalecer. Chega de preconceito. Lugar de mulher é onde ela quiser.
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