Rooney está de volta ao futebol inglês. E já causou um problema jurídico
Andrei Kampff
11/08/2019 05h02
É difícil, mas é preciso aceitar uma verdade irrefutável: o futebol é mais do que um jogo… é um negócio. Bilionário!
E por mais que se coloquem regras tentando preservar limites que mantenham identidades, o "negócio" acaba buscando caminhos para faturar ainda mais.
O exemplo vem da Inglaterra. Lá o regulamento do campeonato nacional estabelece um limite de tamanho para o patrocínio da camisa. E Wayne Rooney, um dos maiores nomes do futebol inglês deste século, pode estar ajudando seu novo clube a burlar essa regra.
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Antes de entender essa história, uma informação importante. O patrocinador do Derby County, time que repatriou o atacante inglês, é uma empresa de apostas.
Destes sites que estão chegando aos montes no Brasil.
E aqui, vale reforçar um alerta. Ainda há muito que se discutir sobre a chegada dessas empresas, mesmo com a lei que foi aprovada ano passado.
Por aqui, ainda não há nenhuma regulação sobre o patrocínio em clubes de esporte desse tipo de empresa, que lida com apostas, e isso merece atenção. Todo o cuidado e debate é importante nessa relação com o esporte, que é sempre presente no universo das crianças e adolescentes.
Mas, voltemos para a história dessa polêmica na volta de Rooney para a Inglaterra, com Gustavo Lopes. advogado especializado em direito esportivo e colunista do Lei em Campo.
Patrocinador pode gerar punição a Wayne Rooney
Rooney, que participou das Copas de 2006, 2010 e 2014, assinou contrato com o Derby County e irá disputar a segunda divisão inglesa. Sem dúvidas, a presença do maior artilheiro do Manchester United e quinto da seleção inglesa na segunda divisão traz grande publicidade.
A contratação foi viabilizada pelo patrocinador do clube, a casa de aposta 32 Reds, que garante ao atleta 90.000 libras semanais, cinco vezes o salário médio da segunda divisão. Ocorre que Rooney deve usar a camisa número 32, o que pode ser entendido pela Federação Inglesa como violação às suas normas, que proíbem mais que 100 centímetros cuadrados de área publicitária na camiseta para qualquer patrocinador.
A Federação Inglesa pode entender que dar a Wayne Rooney o número 32 pode significar marketing indireto passível de punição com multa ou até mesmo suspensão. Em caso semelhante, na Copa de 94, o goleiro brasileiro Taffarel, ao receber a taça de campeão, trocou as luvas que usava por outra com publicidade fora das regras e foi punido pela Fifa com uma multa de US$ 15 mil e suspensão por dois jogos.
Na Inglaterra, inclusive, Richard Carbon, ex ministro de esportes, e Rosena Allin-Khan, atual ministra, criticaram a decisão do Derby County e disseram esperar o cumprimento das normas.
A verdade é que a sacada da Red 32 foi incrível e já está gerando publicidade espontânea. Resta saber se Rooney e o Derby Conty arriscarão levar a ideia adiante.
Sobre o autor
Andrei Kampff é jornalista formado pela PUC-RS e advogado pela UFRGS-RS. Pós-graduando em Direito Esportivo e conselheiro do Instituto Iberoamericano de Direito Desportivo e criador do portal Lei em Campo. Trabalha com esporte há 25 anos, tendo participado dos principais eventos esportivos do mundo e viajado por 32 países atrás de histórias espetaculares. É autor do livro “#Prass38”.
Sobre o blog
Não existe esporte sem regras. Entendê-las é fundamental para quem vive da prática esportiva, como também para quem comenta ou se encanta com ela. De uma maneira leve, sem perder o conteúdo indispensável, Andrei Kampff irá trazer neste espaço a palavra de especialistas sobre temas relevantes em que direito e esporte tabelam juntos.