Flamengo e Grêmio entram em campo mostrando a força que tem uma boa gestão
Jorge Jesus e Renato Portaluppi têm uma grande responsabilidade pelo futebol que o os semifinalistas têm apresentado ao longo da temporada. Mas o trabalho deles também é facilitado por algo ainda raro no nosso futebol: planejamento gerencial que modernizou a administração dos clubes, e que ajuda no resultado de campo.
Uma gestão eficiente independe da natureza jurídica que a empresa carrega. No esporte também é assim.
Muita gente ainda acha e grita por aí que para o futebol brasileiro se "modernizar" basta transformar a natureza jurídica, jogar pó de pirilimpimpim e pronto, teremos um clube-empresa saudável!
Não, não é bem assim. Temos vários exemplos de clubes, no Brasil e no exterior, que fizeram essa migração e vivem grandes problemas. Mas também são vários os que seguem como associações e estão em situação pré-falimentar. "Ah, clube não entra em falência"! Também não é assim, pode quebrar, sim. É mais difícil, mas acontece.
É sempre mais fácil em um modelo empresarial se tomar o caminho para a profissionalização, ja que ele é mais pacífico. Mas também é verdade que temos clubes tradicionais que estão dando exemplos de boa gestão, como Bahia, Athletico, Palmeiras... e Grêmio e Flamengo. O fato irrefutável é: se a gestão for ruim, ele não funcionará nem como associação, nem como empresa.
A verdade é que os clubes precisam de uma gestão séria, comprometida com transparência, ética, que implemente mecanismos de conformidade, que trabalhe entendendo as leis e regulamentos, tendo profissionais qualificados em cada área. E isso pode ser feito independentemente da natureza jurídica que ele adotar. Cada clube tem uma realidade, e o modelo jurídico também precisa caminhar de acordo com os fatos, as vontades e desafios que serão colocados.
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E um dos segredos do sucesso dos times que brigam por uma vaga na final da Libertadores está nesse trabalho que foi construído com o tempo, que começou com Eduardo Bandeira no time carioca e com o ainda presidente Romildo Bolzan no time gaúcho, e que gerará frutos por anos.
E um dos elementos importantes para isso é o planejamento estratégico.
É sobre o que escreve Nilo Patussi, advogado especializado em gestão esportiva e colunista do Lei em Campo.
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Planejamento estratégico e o sucesso do Flamengo
O Flamengo vem dando uma aula de futebol dentro e fora de campo. O clube que nos últimos anos se reestruturou financeiramente conseguiu beirar a excelência também. Mas isso, como sabemos não é do dia para anoite, mudanças que vem desde 2013 foram importantes para que o clube rubro-negro pudesse fazer essa farta colheita de hoje.
Mas o que o Flamengo fez em 2013 que possibilitou que o clube se tornasse essa potência financeira e de futebol que é hoje? Planejamento estratégico.
Mesmo convivendo com uma tragédia mal administrada e, ainda, mal resolvida, o clube tem conseguida cada vez mais visibilidade, vitórias e uma crescente valorização da marca.
Demorou, mas o futebol brasileiro está começando a se dar conta de que gestão profissional dá título e faz com que sua marca não pare de valorizar.
O planejamento estratégico de uma empresa, instituição ou até mesmo de um clube de futebol é o norte para que todas as tomadas de decisões sejam tomadas com o foco determinado para a estratégia de negócio.
Com origem militar, estratégia é uma forma de liderar, comandar uma tropa na direção dos seus objetivos, sempre focando no resultado da operação. Com isso, planejar a estratégia é desenhar os passos a serem tomados para que o objetivo seja alcançado, para que a estratégia seja de sucesso.
Na gestão o planejamento estratégico tem o mesmo objetivo, desenhar quais são os objetivos da instituição de médio e longo prazo e, através desse planejamento, tomar atitudes certeiras para que cada passo que seja dado pela administração seja no sentido de alcançar o seu objetivo.
Os planejamentos estratégicos de um clube podem ser vários, sejam eles quitar débitos trabalhistas, fiscais, legais como também internacionalizar a marca do clube, construir um estádio, um centro de treinamento, ganhar uma competição internacional, etc.
O grande problema que vimos no futebol brasileiro é a falta continuidade. O clube que está conseguindo se reestruturar e colocar as contas em dia mas não está com um time muito vitorioso já começa a sofrer pressão e, provavelmente não conseguiria uma reeleição para continuar com a estratégia, ou, um que ganha jogos, encanta a torcida, mas que, internamente, sofre com corrupção, salários atrasados, dividas crescentes, etc. Certamente quando o problema estourar, a pressão será contraria, e o foco da instituição passara, de uma hora para a outra, em melhorar as contas e a reputação da instituição.
Com isso, fica claro que definir um planejamento estratégico não é tarefa simples, desenhar o futuro de um clube e seguir, mesmo com pressões contraria de torcida, oposições políticas, mídia, não é para qualquer um. Mas os bons exemplos que vêm surgindo no Brasil estão se tornando inspiração para que as gestões profissionais e mais sérias surjam cada vez mais no país do futebol.
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