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Lei em Campo

Casos de racismo na Inglaterra aumentaram 50% no último ano

Andrei Kampff

01/02/2020 04h00

Embora os negros tenham grande destaque em diversas modalidades esportivas, eles têm que enfrentar dificuldades maiores que os brancos. A principal delas é o racismo. Principal campeonato nacional do mundo, a Premier League viu explodir os números de abusos raciais no futebol no último ano. Segundo dados do Ministério do Interior do Reino Unido, houve um aumento de mais de 50% nos casos de racismo, batendo mais de 150 incidentes racistas relacionados ao futebol relatados à polícia na última temporada.

Desde o início de dezembro do ano passado foram registrados vários incidentes de racismo na Premier League, em partidas envolvendo Tottenham, Manchester United e Brighton.

Em julho deste ano, a Fifa anunciou um Novo Código Disciplinar, cujo texto dá ênfase ao combate ao racismo. Mas não é o que tem acontecido.

O protocolo da Uefa determina que o árbitro pare a partida e instrua as autoridades do estádio pedindo para que os torcedores parem; se este anúncio não funcionar, faça outro anúncio, suspenda a partida e envie os jogadores para os vestiários por um período específico; após a consulta, encerre a partida se o comportamento discriminatório ainda não cessar ou ocorrer novamente.

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O presidente da Fifa, Gianni Infantino, que recentemente forçou que o Irã permitisse que as mulheres frequentassem os estádios do país, derrubando uma proibição de 40 anos, já mostrou sua insatisfação com o que acontece na Itália. "O racismo se combate com educação, condenando, falando nele. Não se pode ter racismo na sociedade e no futebol. Precisamos identificar os autores e expulsá-los dos estádios. É preciso a certeza da punição. Não devemos ter medo de condenar os racistas, devemos combatê-los até o fim", falou o dirigente.

O torcedor do Bournemouth Ian Baldry foi condenado a não frequentar partidas de por cinco anos, e uma proibição vitalícia do Manchester City depois de admitir o uso de linguagem racista contra Raheem Sterling durante um jogo no Etihad em dezembro de 2018.

Números do Observatório da Discriminação Racial no futebol mostram que em 2019 foram registradas 44 denúncias de racismo no Brasil e 18 denúncias envolvendo jogadores brasileiros no exterior, totalizando 62 denúncias de racismo no ano passado.

A Premier League e a Federação Inglesa condenaram o racismo e destacaram os passos que estão tomando, coletiva e individualmente, para enfrentar o problema. A Premier League citou a campanha "No Room For Racism" do ano passado, bem como seu trabalho com o Grupo Consultivo de Participantes da BAME para garantir que as opiniões dos jogadores e treinadores de negros, asiáticos e minoritários étnicos informem seu trabalho.

"A falta de negros em cargos de comando – técnico, gestor, dirigente – influencia nessa questão. Desde sempre são brancos legislando e julgando casos de racismo vividos por negros. Se vivessem na pele, as ações certamente seriam outras", opina Marcel Diego Tonini, doutor em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP).

 

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Sobre o autor

Andrei Kampff é jornalista formado pela PUC-RS e advogado pela UFRGS-RS. Pós-graduando em Direito Esportivo e conselheiro do Instituto Iberoamericano de Direito Desportivo e criador do portal Lei em Campo. Trabalha com esporte há 25 anos, tendo participado dos principais eventos esportivos do mundo e viajado por 32 países atrás de histórias espetaculares. É autor do livro “#Prass38”.

Sobre o blog

Não existe esporte sem regras. Entendê-las é fundamental para quem vive da prática esportiva, como também para quem comenta ou se encanta com ela. De uma maneira leve, sem perder o conteúdo indispensável, Andrei Kampff irá trazer neste espaço a palavra de especialistas sobre temas relevantes em que direito e esporte tabelam juntos.