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Lei em Campo

Bahia abre a boca contra o absurdo do preconceito. E ele precisa ser ouvido

Andrei Kampff

14/09/2019 16h06

O Bahia tem sido um exemplo de gestão esportiva responsável para o futebol brasileiro. Mas tão importante quanto isso tem sido um exemplo para o movimento esportivo de como entidades precisam se posicionar em questões sociais relevantes.

O tricolor baiano decidiu reforçar o combate à homofobia no futebol. Neste fim de semana lançou a campanha #LevanteBandeira.

O slogan já apresenta o tamanho da bandeira levantada e a noção exata do que todos precisamos entender: "Não toleramos homofobia nem dentro nem fora dos estádios". O recado foi mandado pelo clube em um vídeo publicado nas redes sociais.

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E mais. O Bahia  anunciou também que as bandeirinhas de escanteio da Arena Fonte Nova neste domingo, no jogo contra o Fortaleza pelo Brasileirão, serão trocadas por outras "simbólicas", com as cores do arco-íris.

O clube também emitiu uma nota de manifesto na qual alerta para os danos causados pelo crime de homofobia. "A homofobia mata, oprime, deprime e provoca muitas feridas. Talvez essa realidade explique o afastamento das pessoas LGBTQI do ambiente do futebol. O Bahia veste três cores, mas está ao lado de todas as outras. Respeitamos as regras, mas ignoramos as linhas, os limites… É preciso dar um passo à frente, evoluir e conviver em sinergia", cobra o time baiano.

Movimento esportivo tem papel de destaque na defesa de causas sociais

O apoio à diversidade tem sido uma batalha de vários movimentos ao redor do planeta. Vários movimentos sociais, como também influenciadores, artistas e atletas se manifestaram de diversas maneiras sobre a importância do respeito e da necessidade de inclusão.

Mas no Brasil, personagens importantes do esporte ainda andam calados. O que é uma pena.

O esporte sempre foi um catalisador de transformações sociais pelo mundo. Ele ajudou na luta contra o racismo, contra a discriminação aos mais pobres, até na abertura democrática brasileira durante os anos da ditadura.

Devido à força que o esporte tem como instrumento de transformações, não podem existir fronteiras entre ele e causas importantes para a sociedade.

No mundo, muitos são os exemplos de atletas que entenderam que sua força vai muito além de uma pista ou quadra ou campo, e que eles podem ser agentes importantes na construção de uma sociedade melhor, menos excludente e mais humana.

No Brasil, uma decisão recente do STF trouxe consequências para o esporte.

Com a decisão do STF de usar a Lei do Racismo para punir crimes contra a homofobia, a Justiça Esportiva irá mudar, punindo também atitudes homofóbicas no esporte nacional.O próprio presidente do STJD, Paulo Cesar Salomão Filho, em bela palestra da Brasil Futebol Expo, se manifestou dizendo que o futebol tem que evoluir com a sociedade e não pode permitir a segregação e o preconceito.

A FIFA também "declarou guerra"ao preconceito no seu novo Código Disciplinar, determinando punições  a manifestações preconceituosos, como injúria racial e homofobia.

Mas é sempre necessário entender que mais importante do que punir é conscientizar. E os personagens do esporte têm papel fundamental nesse momento. O silêncio compactua com o absurdo.

O Bahia não cala. Abre a boca. E precisa ser ouvido.

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Sobre o autor

Andrei Kampff é jornalista formado pela PUC-RS e advogado pela UFRGS-RS. Pós-graduando em Direito Esportivo e conselheiro do Instituto Iberoamericano de Direito Desportivo e criador do portal Lei em Campo. Trabalha com esporte há 25 anos, tendo participado dos principais eventos esportivos do mundo e viajado por 32 países atrás de histórias espetaculares. É autor do livro “#Prass38”.

Sobre o blog

Não existe esporte sem regras. Entendê-las é fundamental para quem vive da prática esportiva, como também para quem comenta ou se encanta com ela. De uma maneira leve, sem perder o conteúdo indispensável, Andrei Kampff irá trazer neste espaço a palavra de especialistas sobre temas relevantes em que direito e esporte tabelam juntos.